Home / CÃES / Casos Clínicos / Maneco – de Cinomose à Micose, mas ainda uma história de sorte!!!

Vou contar para vocês a história do super Maneco:

Este vira-lata de olho azul foi encontrado faz um mês vagando na rua, pela nossa “benfeitora mor”, Tia Regina. Assim que foi “capturado” o Maneco foi levado para o PetCare para uma avaliação.

No exame clínico ele se apresentava completamente normal, discretamente mais magro, mas com mucosas normocoradas, hidratado, sem secreção ocular ou nasal, temperatura normal, sem dor abdominal, sem sinais de diarréia.

Como de praxe foram colhidos exames de hemograma, função renal e snap 3DX (pesquisa de erlichia, lyme, dirofilariose).

O resultado foi muito satisfatório, sem alterações.

O Maneco voltou para casa ficou na quarentena e foi agendado vacinação e castração em 30 dias.

Para nossa surpresa 15 dias após ter sido encontrado, nosso amigo apresentou intensa secreção ocular e nasal, ficou bastante prostrado (quieto), e anorético (com falta de apetite). Foi levado no mesmo dia para o hospital quando repetimos os exames e providenciamos um Raio X de tórax, no qual encontramos sinais de uma pneumonia bastante severa e no hemograma uma linfopenia (baixa de globulos brancos).

Com os resultados em mãos, iniciamos o tratamento com inalação, antibiótico de amplo espectro, fluido parenteral (soro intravenoso), para evitar ressecamento da secreção de vias aéreas e levantamos a hipótese dele estar com cinomose. Encaminhamos sangue e urina para o laboratório solicitando um PCR (amplificação do DNA viral pela técnica de Reação em Cadeia da Polimerase) que foi positiva tanto no sangue quanto na urina.

Após 2 semanas de tratamento o Maneco  já apresentava exame clínico  normal  veio fazer um Rx e hemograma controles , com melhora significativa destes também.

Porém essa história não chegava ao seu fim, mais uma semana se passou quando nosso amigo então voltou ao Pet Care com essa lesão circular, alopécica (sem pelos), com crosta em plano nasal que vocês podem ver na foto.

A lesão lembrava muito uma dermatofitose (Micose) e como o Maneco havia passado por um período de imunossupressão, podia muito bem ter contraído a doença.

As micoses são doenças de pele contagiosas tanto para outros animais como para os humanos, são causadas por fungos (Microsporum canis, Trichophyton mentagrophytes, Microsporum gypseum) e se caracterizam geralmente por lesões alopécicas, descamativas, circulares, com bordos avermelhados, pelo facilmente removível e as vezes com infecção bacteriana secundária (crostas).

Os gatos, especialmente das raças de pelos longos, apresentam uma forma de infecção mais generalizada que a dos cães. Estes animais podem ser portadores crônicos do fungo mesmo que não apresentem nenhum sinal da infecção. Os animais entram em contato com os esporos dos fungos, tanto em ambientes internos quanto externos. O solo contaminado é uma fonte comum da infecção, bem como outros animais infectados.

Nem todos os animais que são expostos aos esporos do fungo, desenvolvem a infecção. Ela acomete mais animais imunossuprimidos, como no caso do Maneco,  filhotes em fase de vacinação, animais idosos com neoplasias ou ainda animais em canis / gatis com umidade, alto índice populacional e pouca higiene em alguns banhos e tosas (toalhas e escovas contaminados).

Além do diagnóstico clínico e da história do paciente podemos usar uma lâmpada especial, conhecida como lâmpada de Wood, na detecção da dermatofitose. Infelizmente, apenas 50% de um tipo específico de fungo, chamado de Microsporum canis fica fluorescente (como visto na foto abaixo) no pêlo do animal, com a cor de maçã verde característica. Sendo assim, um resultado negativo com a lâmpada de Wood não descarta a possibilidade da presença de dermatofitose .

Em caso de dúvida a cultura para fungos (usando um pouco do pêlo e descamação) se torna o melhor método para diagnóstico (apesar da demora para identificação do agente de até 30 dias). Em muitos casos o uso de antifúngicos se faz necessário antes mesmo do resultado.

Maneco hoje já está em tratamento para a micose, e aguardamos seu retorno em breve sem nenhuma surpresa mais só para vacinação e castração.

“Obrigado Tia Regina por salvar minha vida e de tantos outros que como eu necessitam de seu carinho…você é especial”

Artigos Relacionados
Doação de sangue pet: como doadores do Hemovet salvam vidas

Doação de sangue pet: como doadores do Hemovet salvam vidas

Produzido em parceria com a Dra.Simone Gonçalves, médica veterinária hematologista e diretora do  Pet Care Hemovet. Sabia que seu cachorro ou gato pode salvar vidas? A doação de sangue pet é uma prática fundamental para o tratamento de diversas doenças e para a...

Tosse de cachorro ou cachorro engasgado? Saiba diferenciar

Tosse de cachorro ou cachorro engasgado? Saiba diferenciar

A tosse é diferente do engasgo, mas em muitas situações podemos nos confundir. Por isso, vamos explicar aqui a diferença entre eles Segundo a Dra. Josyanne Christine Oshika, médica-veterinária especializada em pneumologia, "a tosse é um mecanismo de defesa do corpo...

Mau hálito em cães e gatos: como tratar

Mau hálito em cães e gatos: como tratar

O mau hálito em cães e gatos pode indicar problemas de saúde subjacentes, como doenças dentárias, digestivas ou respiratórias É frequente cães e gatos terem aquele "bafinho típico", mas a verdade precisa ser dita: mau hálito em cães e gatos é sinal de que seu pet...

Odontologia veterinária: anestesia geral é segura?

Odontologia veterinária: anestesia geral é segura?

A Odontologia Veterinária é uma área da medicina veterinária que se dedica ao diagnóstico e tratamento das doenças dentárias e orais dos animais Quem nunca sentiu medo de levar seu pet para fazer um procedimento que precisa de anestesia? A gente fica apreensivo,...

Mais Categorias