Perda de peso saudável requer perda de tecido adiposo, mantendo tecido muscular, que é essencial para a manutenção do metabolismo basal. O ideal é que a dieta para perder peso tenha níveis de proteínas maiores que 45% de EM e seja pobre em carboidratos e gorduras. O número de dietas secas comerciais disponíveis no mercado com essas características é extremamente pequeno, principalmente por que rações secas ricas em proteínas e com baixos níveis de carboidratos são formuladas para gatos diabéticos ou filhotes e ambas são extremamente calóricas devido aos altos níveis de gorduras. Por exemplo, uma dieta seca para gato diabético ou filhote contém 500 a 600 kcal/xícara de ração. Como resultado, é extremamente difícil alimentar com uma quantidade apropriada um gato que requer perder peso, visto que um gato obeso deve receber somente 130 a 150 kcal por dia. Neste cenário, a quantidade de ração para gato diabético que deveria ser oferecida a um gato obeso é 1/8 de xícara duas vezes ao dia, quantidade essa muito pequena para gerar saciedade e não resultar em nenhuma outra alteração de comportamento no gato que faça com que o proprietário considere essa missão impossível.
Assim, atualmente, a melhor opção de dieta comercial disponível que tenha altos níveis de proteínas, baixos níveis de carboidratos, baixo a moderado níveis de gorduras que podem proporcionar consideráveis porções são as comidas enlatadas. Por exemplo, uma dieta enlatada para diabético (altos índices de proteína e baixos índices de carboidratos) contém 165 a 190 kcal/lata. Desse modo, quando o objetivo for a ingestão de 180 kcal ou menos, é fácil de conseguir uma concentração de proteína necessária para preservar a massa muscular com uma porção razoável de alimento. Deve se tomar cuidado, pois muitos alimentos enlatados para gatos têm alta concentração de carboidratos e/ou baixos níveis de proteínas ou têm ingredientes de má qualidade, resultando em ineficiente ou indesejada perda de peso. Ler o rótulo dos alimentos pode ajudar a identificar a dieta adequada.
CRIANDO UM PLANO DE TRATAMENTO IDEAL
O sucesso da perda de peso em gatos obesos requer paciência, foco no objetivo, monitorização freqüente e reajuste da estratégia, entendendo que a reversão do quadro é um desafio similar àqueles da manutenção de qualquer doença crônica. Persistência e monitorização são essenciais. O segredo é definir a quantidade de caloria que deve ser ingerida, pesar o gato mensalmente e ajustar a quantidade de alimento baseado na perda de peso. Enquanto a taxa mais apropriada de perda de peso é discutida, muitas fontes concordam que o objetivo de 1% de perda de peso por semana ou 3% a 4% por mês é um objetivo fácil de atingir. Se durante esse período de monitorização, esse objetivo não for atingido, uma redução de calorias em torno de 5% a 10% deve ser instituída e novamente monitorada.
Para conseguir perda de massa gordurosa, o programa de perda de peso deve considerar a condição corporal do gato, o grau de restrição calórica requerido, o peso desejado, o meio ambiente do gato e a possibilidade de aumentar as atividades físicas.
Apesar dessa estratégia ser relativamente simples (redução de ingestão de calorias), ela requer paciência, cuidados, monitorização por longo tempo, assistência e incentivo ao proprietário e não raramente avaliações e reajustes periódicos para encontrar as reais necessidades do gato.
CONCLUSÃO
A chave da prevenção ou correção da obesidade em gatos é balancear a equação do ganho de energia por meio da ingestão de alimento e a perda de energia pela atividade física.
Como a obesidade felina é incrivelmente difícil de ser revertida em gatos adultos, e em muitos casos depende de controle por toda a vida do animal, devido às alterações hormonais e alterações do metabolismo de energia com o passar dos anos, a prevenção acaba sendo sempre a melhor e mais fácil opção.
Todos os gatos castrados correm alto risco de se tornarem obesos, devido às alterações hormonais que interferem no apetite, balanço energético e metabolismo de gorduras. Por causa dessas alterações, a oferta de alimento Ad Libitum (a vontade) deve ser evitada em todos os gatos castrados assim como a oferta de ração seca deve ser desencorajada.
Gatos que vivem restritos em apartamentos ou presos dentro de casa, que obrigatoriamente tem atividade física restrita, a restrição de ingestão de energia via alimentação torna-se ponto importante e essencial na prevenção e correção da obesidade. A restrição energética pode ser obtida, com alimentos com baixos níveis de gordura e ricos em fibras, mas a grande maioria das dietas para gatos encontradas no mercado com essas características não são ricas o suficiente em proteínas a fim de preservar a massa muscular e o resultado dessa fonte de energia é perda de peso com perda considerável de massa muscular e com tendência a ganho de peso facilmente assim que atingir o peso ideal e voltar a dieta normal (efeito sanfona).
Dieta com alto nível de proteína, baixo níveis de carboidratos e baixo níveis de gordura seria a dieta ideal para gatos perderem peso preservando a massa muscular, e reduzindo o ganho calórico e induzindo a perda de tecido adiposo. Assim uma dieta com essas características, aliada ao controle de volume ingerido seria a chave do controle de obesidade. O uso de dieta úmida (em lata) com níveis de proteína acima de 45% da EM e níveis de carboidrato abaixo de 10% de EM seria a dieta ideal.
O sucesso do programa de perda/controle de peso em felinos requer paciência, persistência, freqüência e monitorização cuidadosa para encontrar e manter a ingestão ideal e adequada de calorias que faça perder tecido adiposo, mantendo massa muscular.
Adaptado da revista COMPENDIUM (Continuing Education for Veterinarians) June/2009