SINTOMAS: Devido à falta de insulina ou resistência à insulina, o cão ou gato acumula açúcar (glicose) no sangue, o que chamamos de hiperglicemia.
A hiperglicemia provoca maior liberação de glicose na urina (glicosúria) e consequentemente maior volume de água é liberado junto à glicose, fazendo o animal urinar em grandes quantidades (poliúria). Essa perda de água é compensada pelo organismo através do aumento de consumo de água (polidipsia).
Como as células do corpo perderam o acesso ao açúcar do sangue, são enviadas mensagens ao sistema nervoso para que haja compensação da falta de energia. Desta forma, o centro da saciedade no sistema nervoso aumenta o apetite e os animais começam a comer mais e mais (polifagia).
Mesmo com estes mecanismos a glicose ainda não chega ao interior das células, então o organismo começa metabolizar gordura e proteínas para produzir energia, levando à perda de peso.
Desta forma temos um quadro chamado de “4 Ps”, que constituem os 4 sintomas mais comuns do Diabetes mellitus: poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso.
Além destes quatro sintomas existem outros:
– catarata diabética em cães: provocada por acúmulo de glicose e de outra substância chamada sorbitol no cristalino do globo ocular. Pode ser o primeiro sintoma que o proprietário percebe. O cristalino fica “azulado” e animal fica cego.
– fraqueza muscular: mais comum em gatos, provocada por “intoxicação por glicose” dos nervos periféricos (neuropatia diabética). Quando o diabetes chega a estágio avançado o gato apoia-se sobre as pernas, ao invés de sobre os dedos (posição plantígrada).
– infecção urinária: a urina rica em glicose é substrato de crescimento bacteriano. Manifesta-se por urina com sangue, incontinência urinária, secreção vaginal, etc.
– vômito, prostração (fraqueza), falta de apetite: ocorrem em estágios mais avançados da doença.
DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico deve ser realizado por médico veterinário, que avaliará o histórico do animal, os sintomas relatados e solicitará exames complementares.
Frente aos sintomas acima referidos, o veterinário pode solicitar os seguintes exames para o diagnóstico do diabetes mellitus:
– glicemia: dosagem da glicose do sangue – pode ser feito em laboratório ou no consultório com aparelhos de glicemia, neste caso com resultado imediato.
– exame de urina: para avaliação da presença de glicose na urina (glicosúria).
Em cães a presença dos sintomas + hiperglicemia + glicosúria confirma o diagnóstico de Diabetes mellitus.
Já os gatos podem apresentar hiperglicemia puramente por estresse, por exemplo, quando estão no consultório ou durante a coleta de sangue. Então pode ser necessário outro exame laboratorial para confirmar o diagnóstico em gatos:
– frutosamina: é uma proteína que tem grande afinidade por glicose. Ou seja, animais diabéticos tem aumento dos níveis de frutosamina no sangue. Ajuda a diferenciar a hiperglicemia por estresse, que é momentânea, do diabetes, que é um estado crônico.
TRATAMENTO:
O tratamento do cão ou gato diabético deve ser prescrito e orientado pelo veterinário.
O alicerce do tratamento é o uso de insulina injetável, por via subcutânea. Mesmo os gatos com diabetes mellitus tipo II necessitam de tratamento com insulina, pois a capacidade do pâncreas para produzir insulina a fim de vencer os fatores de resistência vai se esgotando aos poucos.
Isso pode assustar os proprietários (e os animais!) no início do tratamento, mas com o tempo é possível se acostumar bem com a situação. O animal diabético pode ter uma vida saudável e uma sobrevida de qualidade, mesmo tendo que “tomar” injeções diariamente.
Existem hoje no mercado diversos tipos de insulina, e o veterinário deverá escolher qual a insulina é recomendada para seu animal, bem como orientar quanto à dose da insulina a ser administrada. Esta dose pode precisar de ajustes frequentes.
Um fator muito importante no tratamento do diabetes mellitus em cães e gatos é a dieta. Cães diabéticos precisam de dietas ricas em fibras, pois aumentam o trânsito intestinal, diminuindo a absorção de glicose pelo trato digestivo. Gatos necessitam de dietas ricas em proteínas e pobres em carboidratos (açúcares). Cães e gatos necessitam de dieta hipocalórica para controlar a obesidade, que é um fator de resistência insulínica.
A dieta deve ser calculada e monitorada pelo veterinário, pois depende do estado clínico do animal.
Outro ponto a ser considerado é o controle dos fatores de resistência insulínica: tratar doenças predisponentes, castração das cadelas fêmeas (lembre-se que o cio é fator de resistência), controlar o uso de medicamentos que causam diabetes mellitus (mesmo que sejam de uso tópico – pomadas, colírios), controlar a obesidade, etc.
O Diabetes, apesar de ser uma doença grave e “para o resto da vida”, pode ser tratada e se bem conduzida, pode proporcionar uma vida praticamente normal ao cão ou gato. Retornos periódicos e controle de peso e glicemias podem ser necessários e por isso o contato com o Médico Veterinário deve ser constante.
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