Home / GATOS / Você já ouviu falar de síndrome do gato paraquedista?

Dra. Vanice Correto Dutra Allemand

Médica veterinária clínica e também realiza atendimento especializado em felinos

“Síndrome do gato paraquedista” é o nome dado aos gatos que sofrem lesões por quedas de alturas importantes, geralmente do alto de janelas ou sacadas de prédios.

Gatos são animais muito ágeis e seu sistema vestibular (parte do sistema nervoso responsável pelo equilíbrio do corpo) é bastante desenvolvido, fazendo com que “percebam” uma postura inadequada e consigam corrigi-la rapidamente no ar durante a queda.  Caso a queda seja de uma altura muito importante, ou seja, a partir do quinto andar ou mais alto, além de corrigir a postura o gato abre os membros e com isso pode se beneficiar da resistência do ar, diminuindo assim sua aceleração, como ocorre com o paraquedas. Daí a analogia entre os nomes.

Geralmente a queda ocorre com gatos que vivem em prédios ou apartamentos altos, em ambientes urbanos.

Esse problema geralmente acontece com animais jovens (mais comum abaixo de 4 anos, apesar de poder ocorrer com animais de qualquer idade), quando se distraem, brincando ou dormindo no parapeito de janelas ou sacadas e, portanto, está muito mais relacionado com razões comportamentais.

Gatos que caem de alturas muito grandes podem sobreviver. Animais mais jovens e leves se beneficiam ainda mais do efeito “paraquedas” e têm mais chance de sobreviver de alturas maiores do que gatos mais pesados. Um gato pesado que cai de um andar “baixo” não tem tempo de se beneficiar da resistência do ar e atinge o solo em plena aceleração, o que faz com que as lesões sejam muito graves. Por outro lado, se esse mesmo gato cai de uma altura maior ele tem tempo de abrir os membros e “planar”, pois sofre uma desaceleração causada pela resistência do ar, diminuindo proporcionalmente a velocidade de queda e podendo causar lesões menos graves. É claro que existe um limite para isso. De modo geral sabe-se que quanto maior a altura da queda, mais grave são as lesões e maior a chance de óbito.

Por isso, filhotes, por serem mais leves e atingirem uma velocidade mais baixa no final da queda, têm mais chance de sobreviver.

Quando o animal chega no consultório após uma queda a primeira providência a se tomar em caso de acidentes é observar os sinais vitais: vias aéreas, respiração, sistema cardiovascular.

Em seguida deve-se administrar medicações para dor e observar as lesões que podem estar presentes. Como o gato cai com os membros abertos e na posição quadrupedal, seu corpo absorve o impacto do solo e a região peitoral, o queixo e o abdômen são afetados. Deve-se então procurar lesões em tórax (pulmão), abdômen (ruptura de órgãos abdominais) e fraturas em mandíbula e palato, além do crânio como um todo. Após a estabilização neste primeiro momento, procura-se por fraturas em região da pelve e membros.

É muito importante é não esperar o animal apresentar esse comportamento, pois a primeira queda pode ser fatal. O ideal é preparar o ambiente ANTES de levar o gatinho para o apartamento. Isso significa utilizar telas de proteção em TODAS as janelas e sacadas do local, inclusive nas janelas basculantes.  

Os tutores de felinos devem ficar atentos pois é impossível evitar que os gatos diminuam comportamentos de curiosidade, exploração, caça (de insetos ou pássaros), pois fazem parte da fisiologia do animal. Então infelizmente a única alternativa para pessoas que querem manter gatos em apartamentos é proteger o ambiente.

Embora muitos gatos sobrevivam a quedas de grandes alturas, elas causam muita dor e em alguns casos é necessária correção cirúrgica de fraturas ou de outras alterações. Muitas vezes também são necessários vários dias de internação para que o paciente fique suficientemente estável para ser tratado em casa, e pode haver sequelas. Desta forma a prevenção com a telagem adequada para o tamanho do animal em todo o ambiente, inclusive os mais improváveis, faz-se essencial para quem deseja manter um gato em apartamento. A crença de que os gatos são suficientemente espertos para evitar quedas é somente isto: uma crença. É muito comum atendermos tutores que chegam perplexos por nunca imaginarem que o gato cairia, pois nunca caiu antes… A única forma de evitar este problema é preparar o ambiente para que ele fique seguro para nossos amigos felinos.  

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