Assim como os cães, os gatos também estão sujeitos a problemas relacionados à saúde oral. Além das ocorrências mais comuns, como as doenças periodontais, as fraturas e o aparecimento de tumores, os felinos também estão sujeitos a ocorrências odontológicas especificas da espécie.
Conhecida antigamente como cárie dos gatos, a Lesão de Reabsorção Odontoclástica Felina (LROF) atinge a maior parte dos bichanos em idade adulta e tem sua incidência aumentada à medida que os animais envelhecem. Responsável pelo Serviço de Odontologia do Hospital Veterinário Pet Care, o Dr. Ricardo Radighieri explica que, de acordo com a literatura, no mínimo 68% dos felinos terão a doença em pelo menos um dente durante a vida toda.
O médico veterinário explica que as lesões dessa natureza se apresentam como uma erosão ou perda da estrutura do dente. Neste caso, forma-se um buraco que, com o passar do tempo, vai sendo encoberto pela gengiva. É comum ainda que a gengiva esteja inflamada na região onde ocorre a LROF.
A origem da doença ainda é desconhecida, mas os especialistas reconhecem que fatores como alterações imunológicas, gengivite, periodontite, dieta, trauma ou doenças virais podem acentuar a atividade das células responsáveis pela produção da dentina e de outros tecidos do dente, fazendo com que estes sejam reabsorvidos. “Neste caso, é necessário fazer a extração do dente afetado”, esclarece Dr. Radighieri. “Por isso, o ideal é que a cavidade oral dos felinos seja avaliada pelo menos uma vez por ano”.
Essas lesões também provocam dor e incômodo nos bichanos e os proprietários devem estar atentos a mudanças de comportamento para detectar o problema. “O animal pode passar a ficar mais quieto, apresentar perda de apetite ou demonstrar dor ao mastigar, isto geralmente acontece quando ao animal solta o alimento de forma brusca, como se tivesse levado um choque no momento da mastigação”, ensina o veterinário. “Nos gatos também é comum notar uma intensa salivação e, muitas vezes, a diminuição, ou mesmo ausência total, do hábito de se lamber, tão comum quando estão saudáveis”.
Dr. Radighieri esclarece também que a maioria dos procedimentos odontológicos em animais de companhia deve ser realizada com anestesia geral. Para tanto, o mais indicado é buscar centros médicos que ofereçam estrutura completa para atendimento de emergência.
“Os animais não ficam parados como os humanos, razão pela qual não é viável realizar o atendimento com a anestesia local ou com o animal apenas sedado”, justifica. “Atualmente a segurança das anestesias gerais são muito próximas a 100%. O ideal é que a anestesia utilizada nos gatos seja inalatória e que, antes do procedimento, o animal realize exames para checar as funções renais e cardíacas e seu estado geral de saúde”.