Por Dra. Roberta Saiga

Os tumores de mama é a neoplasia mais frequente em cadelas, sendo que acometem geralmente cadelas inteiras ou castradas tardiamente entre 7-12 anos, em machos este número é muito inferior, menos de 1% são acometidos. A obesidade e o uso de anticoncepcionais, aumentam o risco. Estima-se que no Brasil esse tumor pode representar 50-70% de todas as neoplasias desta espécie.

Geralmente os tutores chegam com a queixa de nodulações ou aumento de volume em 1 ou mais mamas, podendo o tamanho varias de 0,5cm até mais de 5 cm. Ou podem ser diagnosticados em exames de rotina pelo médico veterinário, sendo um achado no exame físico, já que a maioria dos animais no momento do diagnóstico, estão em bom estado de saúde.

A maioria das cadelas apresentam 5 pares de mamas, podendo varias entre 4-6 pares de mama. As mamas inguinais são mais acometidas.
Após constatação de tumores mamários, há indicação de realizar exames complementares como exames de sangue completo, rx de tórax e ultrassom de abdômen para avaliação do estado de saúde do animal, pesquisa de metástase e planejamento terapêutico. A citologia é um exame realizado para diferenciar tumores de mama, de outros tumores que podem acometer a mama, como um lipoma ou um mastocitoma, por exemplo.

O tratamento de escolha para animais sem metástase a distância é a remoção cirúrgica das mamas, a mastectomia unilateral com remoção de linfonodos regionais e envio da peça para o histopatológico. Caso haja comprometimento bilateral das mamas, há indicação de realizar o procedimento em 2 etapas. De acordo com o estado geral e comorbidades, existe a possibilidade de realizar somente mastectomia regional. Caso o animal não seja castrado, há indicação de castração no mesmo procedimento cirúrgico.

Existe somente um tipo de tumor de mama onde não há indicação cirúrgica que é o carcinoma inflamatório, onde o curso é rápido, as mamas apresentam inflamação intensa, edema, dor, formação de placa, podendo ter edema de membros, geralmente aparecem de um tumor anterior que não foi diagnosticado ou removido.

O tamanho do tumor, comprometimento linfático, metástase a distância, tipo histológico e a imunohistoquímica determinam o prognóstico e se há necessidade de complementar com quimioterapia ou não. A cirurgia pode ser curativa. Em tumores agressivos e de alto risco há indicação de complementar o tratamento com quimioterapia, devido risco de metástase a distância. As metástases geralmente são em pulmão, linfonodos, fígado, podendo acometer osso e sistema nervoso central.
A radioterapia é recomendada como tratamento paliativo local, onde não pode ser realizada a cirurgia ou para ampliar as margens após excisão cirúrgica de tumores com margens comprometidas.

Segundo o último consenso de mama realizado em 2019, como preventivo, há indicação de castração das fêmeas entre o 1 e o 2 cio, para reduzir o risco de desenvolver estes tumores. A cada novo cio, existe um aumento de risco, sendo que após os 4 anos, não há mais benefício preventivo.

É importante a palpação das mamas das cadelas em casa para diagnóstico precoce e consultas periódicas ao veterinário, quanto antes tratado o câncer, melhor o prognóstico e a sobrevida com qualidade do animal.