As mordidas de cão por brigas ou agressões na rua e parques podem resultar em traumas significativos, desde uma simples perfuração até grandes lacerações de pele e musculatura. Já os gatos fazem feridas geralmente com perfurações discretas e contaminação seguidas de inchaço e muita dor local.
Como a boca é um ambiente cheio de bactérias, todas as mordidas são consideradas contaminadas e a possibilidade de infecção é muito alta, mesmo quando a lesão é pequena ou simplesmente o que vemos é um furo. As mordidas de gatos tem muito mais chances de contaminar se comparada com as dos cães.
Muitas mordidas que parecem somente como uma ferida pequena ou uma simples perfuração na pele podem nos surpreender pela extensão no tecido subcutâneo (debaixo da pele) com descolamento da pele que não é visível ou por uma surpresa ainda pior depois de alguns dias de evolução com a presença de necrose da pele e/ou da musculatura, presença de pus e de uma possível vasculite com septicemia, causadas pelas bactérias inoculadas pelos dentes contaminados através da ferida
Assim TODOS os ferimentos por mordida devem receber atenção veterinária e reavaliações periódicas nos primeiros 2 a 5 dias. Algumas feridas podem parecer ilusoriamente menores, mas podem ter o potencial de ser uma ameaça à vida, dependendo da área do corpo mordido ou da bactéria que foi ali deixada.
O diagnóstico de uma ferida é geralmente uma tarefa simples, especialmente se o proprietário viu a briga. O desafio surge na determinação da extensão da lesão subjacente e do tecido subcutâneo que somente poderá ser visível ou percebido alguns dias depois. Pior que isso é quando não vemos a briga e não temos a menor ideia de que debaixo daquele pelo pode ter uma infecção grave se desenvolvendo.
Mordidas do pescoço podem ser mais graves e podem precisar de uma análise mais aprofundada para determinar a extensão do dano causado e muitas vezes não visível. Muitas vezes temos que tosar o animal para avaliar a extensão da mordida.
O tratamento de feridas por mordidas geralmente incluem, tosa e limpeza da região, uso de analgésicos, avaliações periódicas com curativos diários, uso de colar protetor para o animal não lamber a ferida e SEMPRE ACOMPANHADA DE UM OU UMA ASSOCIAÇÃO DE ANTIBIÓTICOS.
Essas feridas podem ser muito doloridas e por isso o uso de anti-inflamatório pode ser indicado sempre sob orientação do Médico Veterinário. As feridas tem maior chance de cura e de ser suturada (dar pontos) se tratada dentro de 12 horas após a lesão.
Sedação ou anestesia pode ser necessária para o tratamento de algumas mordidas e para a possível sutura de pele e colocação de dreno.
O objetivo primário do tratamento consiste em reduzir o risco de infecção e reparar os tecidos lesados. Os antibióticos são muito importantes no tratamento da infecção e infelizmente nem sempre conseguimos conter a infecção em uma primeira tentativa e assim a cultura bacteriana pode ser importante para determinar qual a bactéria envolvida e qual o melhor antibiótico para controlá-la.
Por tudo isso, toda ferida por mordida deve ser avaliada e acompanhada com orientações do Médico Veterinário até a sua completa resolução que dependendo da extensão das lesões pode demorar de 7 dias a mais de 30 dias.