Home / PET HISTORIA / Contos de Natal – Parte 4

Tenta chegar em casa o mais rápido possível, procurando evitar novos encontros pelo caminho até que finalmente chega a sua porta, entra e vai procurar sua cadeira no escritório. Está ofegante e parece que o coração lhe salta do peito, a idade não ajuda no exercício físico. Sentado o cansaço vai tomar conta do corpo, as pálpebras vão ficando pesadas até que Elieser adormece.

Não se passara muito tempo, ou pelo menos não parecia, Elieser sente algo gelado encostar na ponta de seu nariz, ainda de olhos fechados coça o mesmo, mas logo a sensação de algo lhe cutucando volta e desta vez abre os olhos, para seu espanto vê, apoiado no braço de sua poltrona,  um belo camundongo cinza usando uma cartola novinha e com a pata dianteira, segurando o objeto que lhe cutucava o nariz, uma bengala dourada.

– E Então pensei que não acordaria nunca! Exclama o camundongo.

O Velho Elieser já estava se acostumando, afinal aquele já era o terceiro bicho com quem conversava, este aliás, parecia muito distinto.

– Me cansei do último passeio. Retruca Elieser

-Você deve ser mais um dos fantasmas

-Isso mesmo Elieser sou o Fantasma do Natal Presente, estou aqui para lhe mostrar as coisas para as quais você fecha os olhos. Se segure…

Como num passe de mágica Elieser é jogado literalmente dentro de uma sala pouco iluminada por algumas velas, um vento frio entra pelas frestas da porta e da janela, um grupo de três crianças mal vestidas com roupas sujas e carinha de famintas tentam se aquecer perto de uma lareira improvisada. Elieser também reconhece a casa, apesar de pouco ter estado dentro dela,  mas desta vez por um motivo diferente.

Aquela era uma de suas casas de aluguel, o homem que morava lá com a família havia estado naquele mesmo dia no escritório para deixar a pequena quantia que tinha ganho retirando a neve das calçadas, Elieser tinha ameaçado o pobre homem pois o dinheiro não dava nem para cobrir ¼ do aluguel e seus dias na casa já estavam contados.

Era Noite de Natal e aquelas crianças iam comer a mesma sopa rala de dois dias atrás, com um pedaço de pão duro. Uma das crianças resolve dividir o pão com um filhote de vira lata que se aninhava entre as tábuas e que apesar de estar quase morrendo de inanição consegue achar forças para abanar a cauda.

Uma lágrima corre pelas rugas da face do velho senhor e parece que o mundo está salvo quando então Elieser se vira para o rato e fala.

– Criança burra, ao invés de se salvar vai alimentar o animal.

Naquele instante o camundongo tira a cartola e assume uma expressão de abatimento e descontentação.

-Vamos voltar Elieser ..

 

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