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Por Leandro Bacha – CRMV-SP 28.349

Oncologista Pet Care

O Outubro rosa é uma campanha anual realizada mundialmente com a intenção de alertar a sociedade para a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama nas mulheres e também nos animais. Neste texto trataremos da prevenção, do diagnóstico e do tratamento dos tumores de mama em gatas e cadelas.

Os tumores de mama são as neoplasias mais frequentes nas cadelas, representando cerca de 50-70% dos tumores nessa espécie, e assim como nas mulheres é de suma importância a detecção precoce para um tratamento mais efetivo.

Os tumores de mama podem se desenvolver em qualquer idade, mas são mais frequentes em animais de 7 a 12 anos. Entre as causas relacionadas ao desenvolvimento desses tumores, podemos destacar a hereditariedade, as mutações genéticas e principalmente a influência de hormônios. A castração precoce diminui consideravelmente o risco de tumores de mama nas cadelas pois diminui a influência hormonal no tecido mamário. Estima-se que o risco de ocorrência desse tumor diminui para 0,5% quando a castração é realizada antes do primeiro cio. No entanto, o efeito protetor diminui conforme o desenvolvimento no animal: o risco do surgimento desse tumor quando a castração é realizada após o primeiro cio é de 8%, e 26% após o segundo cio. Não foram identificados efeitos preventivos para tumores de mama em cadelas que tiveram gestação e nem quando a castração é realizada após os 4 anos de idade. O uso de anticoncepcionais está relacionado ao aumento na ocorrência de tumores de mama e portanto seu uso é contra-indicado.

Os tumores benignos apresentam crescimento lento, são bem delimitados e correspondem a cerca de 30% dos nódulos nas mamas. Já os tumores malignos correspondem a 70% dos tumores de mama no Brasil e podem ter crescimento mais rápido, invadindo tecidos próximos e com potencial para se espalhar para outros órgãos, levando ao surgimento de metástases.

O diagnóstico é realizado através da palpação minuciosa das cadeias mamárias e a realização de exames de imagem como raio-x de tórax, ultrassom de abdome e exames de sangue. Os exames são fundamentais para avaliar a extensão da doença e definir as melhores formas de tratamento. Para diferenciar os tumores da glândula mamária de outros tumores que podem acometer a região (como um tumor de pele, por exemplo) pode ser realizado o exame de citologia que consiste na punção do nódulo para coleta de células. No entanto, o diagnóstico definitivo dos tumores de mama é obtido somente com o exame histopatológico após a biópsia na cirurgia.

A principal forma de tratamento para os tumores mamários consiste na remoção cirúrgica das mamas acometidas, e a extensão do procedimento deve ser avaliado pelo veterinário oncologista pois depende de diversos fatores como localização, tamanho, drenagem linfática, presença de metástases e características clínicas do paciente. A extensão da cirurgia pode variar desde a remoção de uma única mama, até a retirada completa das cadeias mamárias e dos linfonodos que drenam a região.

A cirurgia pode levar à cura de diversas cadelas com tumores menores e pouco agressivos, entretanto alguns tipos tumorais necessitam de tratamento complementares.

A quimioterapia é uma opção de tratamento adjuvante que pode ser usada para prevenção de metástases em casos de tumores mais agressivos ou ainda como opção de tratamento paliativo em caso de metástases já detectadas. O uso da radioterapia também é uma opção para tratamento paliativo de tumores inoperáveis ou em casos de remoção incompleta.

O prognóstico das cadelas com tumores mamários é muito variado e é determinado com base numa associação de diversos fatores clínicos e histopatológicos que indicam o comportamento biológico dessas neoplasias.

No caso das gatas, podemos destacar algumas diferenças do que ocorre nas cadelas. Os tumores de mama são o terceiro tipo mais frequente de tumores nos felinos, entretanto 90% desses tumores são malignos, com comportamento agressivo e alta ocorrência de metástases.

A castração precoce também tem efeito preventivo para desenvolvimento desses tumores: para castração antes dos 6 meses o risco é reduzido em 91%, se o procedimento é realizado entre 7-12 meses o risco é reduzido em 86%, mas se a castração ocorre entre 13 e 24 meses de idade o efeito preventivo é reduzido apenas em 11% .

O tratamento nas gatas deve ser realizado de forma mais agressiva, pois no caso de tumores iniciais esse tratamento pode aumentar a sobrevida desses pacientes. A retirada bilateral das cadeias mamárias normalmente é indicada, assim como a remoção dos linfonodos que drenam a região. O uso de quimioterapia geralmente é recomendado para essas pacientes com a intenção de prevenir ou retardar o surgimento de metástases. O prognóstico das neoplasias mamárias em gatas costuma ser desfavorável devido a agressividade desses tumores na espécie, entretanto o diagnóstico precoce e a associação de terapias é de extrema importância para aumentar a expectativa de vida dessas pacientes.

Dessa forma, destacamos a importância da castração precoce na prevenção dos tumores de mama e também a importância no diagnóstico rápido desses tumores para um tratamento mais efetivo. Como a maioria dos animais com neoplasias mamárias não demonstram estar doentes, é fundamental a avaliação minuciosa da cadeia mamária, de preferência realizada por um veterinário em consultas de rotina anualmente. A atenção dos tutores à região das cadeias mamárias de seu animal também é de suma importância, assim um “carinho diagnóstico” a procura de nódulos pode fazer a diferença no diagnóstico precoce.

 

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